O mais audacioso projeto de lançamento de um animê no Brasil em 2006 teve sua estréia anunciada para o dia 9 de outubro, estamos falando de “Let’s & Go”, que acabou indo ao ar somente em 14 de outubro no “Sábado Animado” (programa semanal do SBT).

“Let’s & Go”, após ter 18 episódios dublados, foi exibido pelo SBT somente uma vez (poucos episódios tiveram reprise), com os capítulos escondidos em sua programação matinal de sábado, fazendo com que poucos fãs pudessem acompanhar o animê.

No entanto, durante o Anime Friends 2007, os fãs do desenho puderam dublar uma cena da animação junto com Francisco Freitas, dublador de um dos protagonistas e questionar porque os demais dos 153 capítulos não foram dublados e nem foram ao ar.

Em meio à participação do estúdio Uniarthe no Anime Friends foi anunciado que o desenho voltou a ser dublado e deveria estrear na Rede TV! No mês seguinte. Para o relançamento no evento, estiveram presentes no evento representantes da Uniarthe e da Sato Company, distribuidora do animê. Mas o retorno ficou só na promessa.

“Let’s & Go” teve um forte lançamento, com fortes promessas de brinquedos pela Long Junp (a mesma empresa por trás de “Cavaleiros do Zodíaco”), exibição no programa infantil de maior audiência do país (“Sábado Animado” do SBT) e uma eficiente divulgação que inclui uma boa assessoria de imprensa e marketing, “Let’s & Go” já era tratado como sucesso antes mesmo da estréia.

A dublagem

A dublagem de “Let’s & Go” foi feita de forma rápida, mas cuidadosa, pelo estúdio Uniarthe de São Paulo. A casa de dublagem já foi responsável pelas dublagens de “Anjos Guerreiros”, “Efeito Cinderela”, “Mr. Magoo”, entre outras produções recentes.

Desde a tradução até a direção, tudo foi feito com base em pesquisas e a série foi toda estudada antes de ir ao ar. O elenco – escolhido por testes – inclui vozes novas, o que o público pede há anos para os estúdios de dublagem. No entanto, as vozes não são tão desconhecidas, a ponto de causar estranhamento entre o público.

A direção de dublagem ficou nas mãos de Raul Schlosser, que começou a dirigir animês como assistente do diretor José Parisi Jr., durante os primeiros anos de “Pokémon”, “Shin-Chan”, “Yu-Gi-Oh!” e “Shaman King”. A direção artista ficou a cargo de Francisco Freitas, o Chiquinho, que já exerceu a função com os desenhos japoneses “Efeito Cinderela” e “Anjos Guerreiros”.

Os protagonistas da história são os meninos Lestu Seiba (Let) e Go Seiba, dublados respectivamente por Alex Minei e Francisco Freitas. Alex ficou conhecido dos fãs de animê como o Inuyasha criança, mas teve seu talento reconhecido como a Poké-Agenda do sexto e sétimo ano de “Pokémon”, que sem nenhuma explicação foi trocado no oitavo e mais recente ano da série. O ator ainda dublou o protagonista da animação “Futebol de Rua”.

Francisco Freitas que dubla Go, já fez a Deyse e o Bo de “Shin-Chan”, Masao Tachibana (“Super Campeões 2002”), Ritchie (“Pokémon”), Rezelg (“Shaman King”) e Wevell (“Yu-Gi-Oh!”), entre outros personagens.

O criados dos carrinhos da trama, Dr. Tsuchiya, é dublado por Raul Schlosser que já deu voz ao Masked Muchacho (“Shin-Chan”), Cell (“Dragon Ball GT”), Lagartixa (“Shaman King”), Marik (“Yu-Gi-Oh!”) e o protagonista de “Efeito Cinderela”.

Entrevista com Alex Minei

Alex Minei foi o menino que dublo o protagonista do desenho Francês que passou com sucesso no Cartoon Network na última Copa: “Futebol de Rua”. Minei, também foi o dublador da Pokéagenda em “Pokémon” (até ser misteriosamente substituído pela Centauro), do Sheldon na redublagem de “Garfield e seus amigos” e o Larry na redublagem de “Super Mario Bros”.

Como foi dublar “Futebol de Rua”?
Alex Minei – Foi muito legal, primeiro porque foi meu primeiro protagonista e segundo pelo tema do desenho, pois o futebol é do agrado da maioria dos brasileiros, sem contar que o desenho aborda muitas situações que os jovens passam, como rivalidade, primeiro amor, sentimento de exclusão.

Você já gostava de futebol? O que mudou após ser o protagonista do desenho?
AM – Já gostava sim, mas não sou um desses fanáticos por futebol que dorme pensando em futebol, sonha com futebol e acorda com uma bola no pé (risos). Quando era moleque jogava futebol na rua pra infelicidade dos vizinhos. Este desenho foi uma escola pra mim e é nítido isso hoje nos trabalhos que faço, foi como um ponto numa escala de desenvolvimento antes e depois de “Futebol de Rua”, não que eu seja o ‘the best’, mas melhorei muito profissionalmente.

Como ficou o coração durante a Copa? Torceu muito pelo Brasil ou pelo Japão?
AM – Nos primeiros jogos eu como todo brasileiro fiquei querendo mais e mais né? (risos.) Mas foi só um aquecimento. Quanto ao Japão, tadinhos, fraquinhos como sempre. Nem meu pai que tá no Japão torce pra eles (risos).

Como foi dublar o Inuyasha criança?
AM – O Inuyasha criança foi só uma pontinha, que apareceu em alguns episódios, mas curti muito dublar ele, pois já era fã desse animê. Antes de chegar ao estúdio eu já havia levado um material pro (diretor José) Parisi, conhecer a série e acertaram em cheio na escalação, fiz outros personagens também com minha voz normal outros caricatos.

E a Pokéagenda? Como e quando surgiu? Afinal ela tinha outro dublador, que já a fazia há muitos anos, e quando a série foi para a Rede Globo mudou… Pelo que os fãs falam, chegou ao ponto do mesmo episódio ir ao ar no Cartoon com a voz antiga e na Globo com a sua… Certo?
AM – ‘Eitá’, vocês sabem de tudo ‘ein’? (risos). Bom, a Pokéagenda foi uma escala normal, cheguei no estúdio pra dublar e o (diretor José) Parisi disse que era a Pokéagenda, isso foi quando “Pokemon” estava indo para a Globo, voltaram vários episódios com trechos da Pokéagenda para serem redublados, ainda da fase antiga antes da troca de roupas dos personagens. Não sei o motivo da troca de dublador, mas quando “Pokémon” foi pra Centauro (o novo estúdio) resolveram manter a troca que tinha sido feita.

Que outros personagens fez e gostou? O que acha que poderia ter ficado melhor?
AM – Eu nunca lembro de todos os trabalhos, dá um branco total quando me perguntam isso, eu trabalho em poucos estúdios, mas que me renderam trabalhos legais como o Sheldon da Fazenda do Orson, aquele ovinho que tem as perninhas pra fora no desenho “Garfield e seus amigos”; o Hide de “Super Doll Licca-Chan”; um que está pra estrear agora chamado “Os Coelhinhos Bellflower” onde faço o Mistatle; outro que está pra estrear é “Monkey Tiphon” onde fiz o Gueen; o Alen em “Shaman King”; o Larry, um dos filhos do Koopa em “Super Mario Bros”; adaptações de fábulas e histórias infantis como o “Patinho Feio” e o resto foram só pontas em “Yu-Gi-Oh!”, “Shinchan” e “Cinderela Boy”. Em uma novela colombiana chamada “Um Amor de Babá” eu fiz o Miguel, na novela portuguesa “Olhos d’Agua”, eu fiz um outro Miguel e recentemente dublei o filme “An unexpected Journey” fiz o Phellip, um garoto altista, gostei muito deste. Na minha opinião não tem trabalho que eu fiz que poderia ter ficado melhor porque eu vou dublá-lo e dou o melhor de mim pra poder ser chamado novamente, se um trabalho fica ruim é porque o dublador não se enquadra no meu perfil ou porque não estava capacitado para dublá-lo nesse caso só chamando um outro dublador

E sobre Naruto? É verdade que você estava envolvido com a dublagem série e chegou a indicar amigos para fazer testes e ajudar na tradução?
AM – Não sei o que seria envolvido pra vocês (risos), mas cheguei a fazer teste pra dublar o Naruto, mas o dono do desenho exigiu que uma mulher o dublasse então perdi a disputa (risos). Mas sim falei pra amigos “olha liga lá que estão fazendo testes”, como acontece muito no nosso meio, um amigo faz teste numa casa e fala pros outros. Acho que você lembra que entrei em contato com ele pedindo o contato do Junior (Fonseca, editor da Neo Tokyo) e de algum Funsuber de “Naruto”, nisto eu conversei com o Junior e o indiquei pra tradutora de “Naruto” pra dar um ‘help’ nas adaptações.

Alguma mensagem final?
AM – Vocês ainda vão ouvir falar muito de mim (risos). Já que a cada trabalho o dublador cresce mais e a dublagem é um sonho realizado que vivo cada vez que sou escalado.