Nesta segunda, dia 18 de setembro, ocorreu o Emmy 2018. No Twitter diversas pessoas comentaram que a grande injustiçada da noite foi a série “The Handmaid’s Tale” (O Conto da Aia).

A produção não saiu de mãos abanando, levou alguns prêmios menores (Melhor atriz convidada em série de drama – Samira Wiley; Melhor edição de imagem em drama; e Melhor design de produção em narrativa contemporânea – uma hora ou mais); mas, foi esquecida pelos votantes nas maiores categorias do Emmy.

Entretanto, o Cultureba não esqueceu da série.

Então, vamos falar um pouco de “The Handmaid’s Tale”.

O contexto básico

Para começar a série se passa em um momento que pode não ser tão distante, os chamados “futuros distópicos”. Neste amanhã sombrio, os Estados Unidos agora são dominados por um grupo que pratica rígidas ideias religiosas e as mulheres não pode nem mesmo ler ou escrever, sendo somente uteis na reprodução. Em paralelo a isto, o governo separa a população em castas e mata quem não se adéqua o regime: adversários políticos, médicos que faziam abortos, homossexuais, professores que ensinam garotas e missionários de outras religiões, só para dar alguns exemplos.

Mas, como este regime foi implantado? Boa parte das pessoas perderam a capacidade de reprodução e cada vez menos mulheres engravidam. Um grupo propõe, inicialmente através do diálogo, uma solução para o problema. Mas, boa parte da população vê tais ideais como radicais e tenta impedir este discurso. Tudo se agrava quando a porta-voz da causa (Serena – Yvonne Strahovski) sofre um atentado. Na aparente busca pela paz, tais ideais ganham força e apoio.

Com o regime ganhando espaço, aos poucos as coisas começam a mudar, com situações como as mulheres perderem o direito de trabalhar e universidades serem fechadas. Sem interferência do resto do mundo, até o nome do país muda, e os Estados Unidos passam a se chamar Gileade (Gilead). Mas, afinal, o que significa este nome?

O significado de Gileade 

Boa parte da série (e do livro que a originou, escrito em 1985) possui diversas referências bíblicas; não é diferente com o novo nome do maior país do mundo livre.

Muitas pessoas se declaram como “filho de Gileade” e tal referência também existe na Bíblia. No livro sagrado, a definição pode indicar uma referência a um espaço físico ou ser relacionado a uma genealogia. Manassés, filho de José, o governador do Egito, foi o fundador do clã de Gileade, ou seja, é o progenitor da família tribal dos gileaditas (o patriarcado da história pode vir daí). Mas existem outros personagens com este nome no Velho Testamento.

No entanto, o que mais se destaca é o fator genealógico, que é a principal inspiração para o nome dos ex-Estados Unidos da América. A terra de Gileade, que muitos vezes se referia a toda Transjordânia israelita na Bíblia, também remete a um ponto especifico, o Monte de Gileade, que – inclusive – foi um dos locais que Moisés viu antes de morrer.

No Monte de Gileade se deu a redução do numeroso exército liderado por Gideão, dando força ao discurso do poderio militar do local, combinando com o novo país construído na obra.

Gileade foi um local de reunião durante o reinado do rei Saul, alguns israelitas fugiram para aquelas terras com a finalidade de escapar da opressão dos filisteus, fazendo uma ligação com a ideia de fugir dos pecados do mundo exterior e refundar a humanidade em “O Conto da Aia”.

A terra de Gileade por fim, era conhecida por seus produtos medicinais. Os bosques característicos daquela região montanhosa são citados como símbolo de preciosidade e fertilidade, um ponto chave para a trama de “The Handmaid’s Tale”, em que mulheres férteis são escravizadas para buscar a reprodução em um mundo infértil.

Só por estas referências já merecia um Emmy.