É de fato complicado quando você se acostuma com um ator de um seriado, filme ou novela e de uma hora pra outra ele muda. Recentemente este fato ocorreu na novela “A Favorita” com o personagem Marcelo Fontini, que foi assassinado pela vilã da trama. Nos créditos do personagem ele era vivido por Deco Mansilha, que chegou a gravar algumas cenas como o rapaz e que aparecia em propagandas de jornais que ilustravam a “falsa notícia” da morte do empresário paulistano, morto a tiros pela amante. No entanto, quando finalmente a cena do crime foi ao ar, ele foi vivido por Flávio Tolezani. Mas esta não foi a primeira vez que isto ocorreu, seja na TV brasileira ou no resto do mundo, confira outros casos onde mudou o ator, mas não o personagem.
1) “As novas aventuras de Robin Hood”
Na série, exibida no Brasil pela Rede Globo, o protagonista Robin Hood era interpretado por Matthew Porretta, mas após uma crise nos bastidores, causada pela queda de audiência da produção e problemas com a renovação de contrato, o herói passou a ser vivido nos seus dois últimos anos (terceira e quarta temporadas) por John Bradley. Na mesma série, ocorreu outra mudança, a atriz que deu vida a Lady Marion Fitzwalter foi Anna Galvin na primeira temporada, nas fases seguintes foi feita por Barbara Griffin.
Falando nisto… “Um Maluco no Pedaço” também sofreu com problemas contratuais. Nas três últimas temporadas (4ª a 6ª), A personagem Vivian Smith-Banks (tia do protagonista vivido por Will Smith) deixou de ser vivida por Janet Hubert-Whitten e foi substituída por Daphne Maxwell Reid. Tudo começou com uma briga judicial entre Will e Janet, que decidiu desligar-se do programa alegando que a produtora não teve interesse em aumentar o seu salário.
2) “A Feiticeira”
O ator Dick York, que interpretou James, o marido da feiticeira Samantha nas primeiras cinco temporadas da série, teve de ser substituído por Dick Sargent (que fez as três últimas) porque sofria de terríveis dores na coluna, que às vezes eram tão violentas que impossibilitavam o ator de filmar os episódios. Além de trocar seu protagonista a série mudou ao longo dos anos alguns atores que viviam personagens coadjuvantes: Gladys Kravitz (Alice Pearce e Sandra Gould), Frank Stephens (Robert F. Simon e Roy Roberts) e Louise Tate (Irene Vernon e Kasey Rogers).
Falando nisto… “Batman”, a série clássica dos anos 60 também mudou alguns de seus personagens coadjuvantes, os chamados “vilões especialmente convidados”. O Senhor Frio foi vivido inicialmente por George Sanders e depois por Eli Wallach e Otto Preminger na segunda temporada. Julie Newmar foi a Mulher-gato nas duas primeiras temporadas da série de TV dos anos 60, Eartha Kitt viveu a vilã na terceira e Lee Meriwether no filme da série. Frank Gorshin foi o Charada na primeira e terceira temporadas do seriado e no filme inspirado nele, no entanto John Astin foi quem deu vida ao vilão no segundo ano.
3) “Meu Cunhado”
O seriado brasileiro, produzido pelo SBT, sofreu com a mudança da protagonista. A atriz Guilhermina Guinle que fazia o papel da Simone, foi substituída pela colega Luísa Thiré no episódio “Cara nova”. Para justificar a mudança, foi contado que Simone passou por uma cirurgia plástica. O motivo da substituição foi que Guilhermina Guinle saiu da série para atuar na novela “Mulheres apaixonadas” da TV Globo em 2002.
Falando nisto… “A Grande Família”, outro seriado brasileiro de comédia, também teve uma mudança radical em sua primeira versão, que durou de 1972 a 1975. Djenane Machado vivia Bebel, a filha moderninha na primeira temporada, mas foi substituída nos três últimos anos por Maria Cristina Nunes. Boatos dizem que Djenane queria sair do programa pois achava que ele não faria sucesso, a única citação ao fato no programa foi a fala de um personagem que achou Bebel “um pouco diferente”.
4) “Laços de Família”
Durante a novela ocorreu um caso realmente raro na teledramaturgia mundial. O juiz Siro Darlan da 1ª vara da infância e da juventude do Rio de Janeiro proibiu a participação de menores de idade nas gravações da novela, por causa das cenas de violência e sexo. O veto durou três semanas e coincidiu com o casamento do casal de protagonistas, onde a irmã do galã, Estela, vivida pela atriz Julia Almeida seria a madrinha do casamento. Julia tinha 17 anos na época e foi substituída no altar por outra atriz completamente diferente dela, medida proposital segundo notícias da época. Quando o veto caiu na justiça, Julia voltou a gravar e a dublê desconhecida foi dispensada. Na mesma produção a pequena Larissa Honorato vivia a neta da personagem de Vera Fischer, mas após a cena de um atropelamento a menina ficou tão traumatizada que teve de ser substituída por Júlia Magessi.
Falando nisto… Como novela é uma obra aberta, acidentes realmente podem ocorrer, em “Cristal”, trama produzida pelo SBT em 2006, o ator Giulio Lopes teve um AVC (acidente vascular cerebral) dentro dos estúdios da novela, enquanto gravava a produção. Lopes ficou um mês e meio afastado se recuperando e durante o período foi substituído por Paulo Reis. Quando ele se recuperou voltou à novela.
5) “O Clone”
Débora Falabella fez de sua personagem, a dependente química Mel, um grande sucesso. No entanto, Débora pegou meningite e teve que se ausentar da novela no momento mais importante de Mel, quando a menina quebra tudo em seu quarto e é internada em uma clinica de reabilitação. A atriz então foi substituída por sua irmã Cynthia Falabella. A semelhança entre ambas era tão grande (e normalmente a câmera só a filmava de longe e de costas) que muitos espectadores não perceberam a troca. Quando Débora melhorou ela voltou a novela e Cynthia ganhou um personagem só para ela, a jovem Monique.
Falando nisto… Na versão original da novela “Cabocla” (1979), a protagonista Zuca era vivida por Glória Pires que adoeceu bem no final da trama. Nos dois últimos capítulos ela teve de ser substituída pela atriz Christiane Grossi, que deu fim a trama sendo focalizada somente de perfil ou de costas, mas a mudança ficou clara para os telespectadores da época.
6) “Eu, A Patroa e As Crianças”
Jazz Raycole foi a primeira atriz que interpretou Claire Kyle, filha do protagonista (e produtor) Damon Wayans. Jazz participou somente da primeira temporada, que também foi a mais curta com somente 11 episódios. Ela foi tirada da série por sua mãe que estava preocupada com o enredo da segunda temporada, na qual Claire descobria que sua amiga Charmaine estava grávida. Jennifer Freeman foi, então, escolhida para o papel. Por Freeman não ter qualquer semelhança com Raycole, a estréia da segunda temporada, “Mom’s Away”, faz referência à mudança. Quando Claire desce as escadas, Michael percebe algo diferente em sua filha e comenta “Eu não sei o que é, mas você parece ser uma nova pessoa”.
Falando nisto… Não é raro casos em que um personagem importante muda durante o percurso, normalmente o espectador percebe a diferença, mas no caso do filme “V de Vingança” o público não teve como perceber. Hugo Weaving, que substituiu James Purefoy como o protagonista “V” não tem o rosto mostrado em momento algum do filme. Assim as cenas feitas por James nos primeiros dias de filmagem não precisaram ser refeitas, apenas redubladas com a voz de Hugo, que concluiu as cenas do terrorista e foi o único creditado no longa pelo papel.
7) “Cúmplices de um Resgate”
A novela mexicana que virou mania no Brasil, com direito a lançamento de boneca e álbum de figurinhas teve uma situação inusitada. A história girava em torno das irmãs gêmeas Mariana e Silvana. Nos primeiros cinco meses da novela, elas foram vividas pela jovem atriz e cantora Belinda. Mas por problemas na renovação do contrato da jovem, os pais dela brigaram com a emissora Televisa, que produzia a trama, que resolveu tirar Belinda do ar. Então Daniela Luján foi convocada para viver as gêmeas até o final da novela.
Falando nisto… Na novela “O Diário de Daniela”, protagonizada por Daniela Luján, também ocorreu uma troca de um personagem principal. Enrique Monroy, o pai de Daniela na trama mexicana era vivido pelo ator Marcelo Buquet, no entanto, após uma briga do galã com a emissora o personagem passou a ser vivido a partir do capítulo 72 pelo ator Gerardo Murguía.
8) “Carrossel”
A novela “Carrossel” conquistou o Brasil. Os fãs gostavam tanto da trama que nem ligavam para certos detalhes de continuidade como mudança de dubladores brasileiros e até troca de atores no elenco original. Armando Calvo viveu o bondoso porteiro (e zelador) Firmino, que cuidava da escola onde passava a trama, mas após problemas de saúde foi substituído por Augusto Benedito. Karen Sentíes foi à primeira atriz a viver Clara, mãe da mimada Maria Joaquina, mas para tentar uma carreira internacional foi substituída por Kenia Gazcón, a primeira era loira de cabelos compridos a segunda morena de cabelos curtos, mas o único comentário da mudança veio do pai de um colega de Maria Joaquina que namorou a mulher no passado e comentou “Como você está diferente” e ela prontamente responde “Fiz uma mudança no cabelo, gostou?”.
Falando nisto… A produção brasileira “Toma Lá Dá Cá”, também teve trocas radicais em seu elenco. O episódio piloto foi exibido em 29 de dezembro de 2005 e contava com Débora Bloch como Rita e Mitzi Evelyn como Isadora. Quando entrou para a grade fixa da emissora em 2007, a atriz Débora Bloch afirmou que não poderia participar do programa por estar envolvida com outros projetos no teatro e foi substituída por Marisa Orth. A atriz Fernanda Souza passou a fazer o papel de Isadora no lugar da catarinense Mitzi Evelyn sem maiores explicações.
9) “Harry Potter”
A série de filmes do bruxinho teve uma leve mudança no elenco de apoio nos primeiros filmes. A atriz que vivia a Mulher Gorda do quadro foi Elizabeth Spriggs em “Pedra Filosofal” e mudou para Dawn French em “Prisioneiro de Azkaban”. Mas a mudança mais importante foi do ator que vive o professor Alvo Dumbledore. Em “Pedra Filosofal” e “Câmara Secreta” o diretor de Hogwarts foi vivido por Richard Harris. No entanto Harris morreu e foi substituído nas produções seguintes por Michael Gambon.
Falando nisto… Cinesséries são realmente um problema para os produtores de cinema. Muitas vezes quando diversos filmes são produzidos com uma marca, imprevistos ocorrem, como a morte de um ator, deixando no ar o mesmo problema que uma série de TV ou novela enfrente. Assim como ocorreu com a morte de Richard Harris em “Harry Potter”, a trilogia “Matrix” também sofreu o efeito com o falecimento da atriz Gloria Foster que vivia a personagem Oráculo, sendo substituída por Mary Alice no filme “Revolutions” e nos games “The Matrix Online” e “Enter the Matrix”. Foi explicado que para fugir de alguns inimigos a personagem teve de mudar de forma física.
10) “Batman Begins” e “Batman – O Cavaleiro das Trevas”
No filme que marcou a retomada de Batman aos cinemas em 2005, o diretor Christopher Nolan apostou na jovem Katie Holmes para viver Rachel Dawes, par romântico do herói. No entanto na continuação de 2008, a promotora foi vivida por Maggie Gyllenhaal. Oficialmente Katie não voltou por “problemas na agenda” da atriz, mas boatos dão conta que ela cada vez está aparecendo menos no cinema por imposição do marido (o astro Tom Cruise) e que ele sentia ciúmes das cenas dela com o protagonista Christian Bale. Outras fofocas relatam que ela teria recusado o papel por ser contra a personagem morrer no segundo filme.
Falando nisto… Quando o assunto é ‘filmes de super-heróis’ nada teve mais mudanças do que a trilogia “X-men”, mas nada radical, claro. No primeiro longa de 2000 Pyro foi vivido por Alex Burton, já nos filmes seguintes por Aaron Stanford. Katrina Florece viveu Jubileu em “X-Men”, já em “X-men 2” e “X-men: O Confronto Final” quem viveu a jovem foi Kea Wong. Por fim, Kitty Pryde (Lince Negra), teve uma interprete diferente em cada filme. Em 2000 foi feita por Sumela Kay, em 2003 por Katie Stuart e em 2006 por Ellen Page.
Texto originalmente escrito para a revista Crash (Editora Escala)