Ricardo Juarez tinha voltado dos Estados Unidos em 1989 com a ideia fixa de estudar diplomacia, tudo mudou quando ele foi convidado por um amigo para fazer uma visita a Rádio Cidade. Foi então que a mágica do mundo da comunicação ocorreu e nasceu um ótimo dublador e radialista.
Até o surgimento do Johnny Bravo em 1997, Ricardo Juarez só fazia papéis bem pequenos. Foi quando surgiu um dos melhores personagens da história dos desenhos animados e começava a carreira de um grande dublador “Quando senti o gostinho de fazer o papel principal de um desenho e receber elogios de colegas de trabalho, além do grande carinho do público, percebi que tinha condições de fazer um bom trabalho e decidi então entrar de cabeça na dublagem. Com o tempo foram surgindo novos personagens e minha carreira começou a decolar”.
Depois do Johnny Bravo vieram outros papéis importantes em desenhos como X-Brawn (“Transformers – A Nova Geração”) e Kutal (“Shinzo”) . Mas foi com redublagens que veio seus maiores sucessos. “O Taz (‘Taz-Mania’) eu herdei do Paulo Flores, depois que ele faleceu quando houve um teste de voz. Eu ganhei o teste, mas duas semanas depois cancelaram, depois de 10 dias voltaram atrás e me escolheram. Eu comecei a fazê-lo em 2001. A mesma coisa aconteceu com o ‘Thundercats’ (personagem Tygra), o desenho foi redublado no ano 2000. A minha voz é muito próxima a do dublador antigo”.
Depois vieram tantos outros como o Computador (“Coragem o cão covarde”), o Narrador de “Digimon”, o Batman em “Batman – O Mistério da Mulher Morcego”, o Edu (“Du, Dudu e Edu”), o Barney (“Os Simpsons”) e Fuzzy Confusão (“As Meninas Super Poderosas”).
Apesar de gostar muito de dublar desenhos, os seriados são a grande paixão de Juarez que defende com unhas e dentes suas versões brasileiras. “A dublagem brasileira é uma das melhores do mundo, aceito as críticas, mas acho que elas deveriam ser feitas de outras formas. Existem seriados, como o ‘CSI’, que se você não fala inglês, você tem que ficar grudado na tela, e a dublagem ajuda nisso. Os estúdios gringos nos deram o título de melhores, nós temos bons profissionais aqui”.
Claro que entre os seriado que ele dubla existe os preferidos de Juarez. “Todos nós temos aqueles personagens preferidos e que às vezes rola algum tipo de identificação. Gosto do Tenente Paris (‘Star Trek Voyager’) que dublei apenas até a sexta temporada do seriado até o momento. Ele tem um jeito brincalhão e moleque que em alguns momentos lembra meu jeito. Quem me conhece sabe que falo muita bobagem e só tenho a voz grave, mas não sou sério não muito pelo contrário”, explica o dublador carioca.
Além do Tom Paris ganharam a voz do ator brasileiro o Shang Tsung (“Mortal Kombat – A Série”), Eric Camden (“Sétimo Céu”, também conhecido como “Um anjo caiu do Céu”) , Charles Gunn (“Angel”), Agente Vaugnh (“Alias – Codinome Perigo”), Sargento Galindez (“Jag – Ases Indomáveis”) e o Agente John Doggett (“Arquivo X”) .
Recentemente Juarez passou a dublar o Senhor Bennet de “Heroes“. O que para ele foi um grande presente, já que ele assiste a série – como um fã – antes de entrar no estúdio e viver o personagem em português. Durante a dublagem do primeiro ano ele chegou a declarar “Tem pessoas que me perguntam se eu vejo antes de passar nos EUA. Eu já assisti até o 18, já dublamos até o 16. Ele realmente não é um vilão, aparenta ser, mas não é. É um personagem bem legal”.
Sobre a escalação para o papel em “Heroes” ele completou “Eu não sabia que ia dublar o Sr. Bennet, a menina me ligou e disse que tinha sido escolhido, eu quase cai para traz quando ela me falou quem era o personagem. Para mim tem muita diferença, eu me envolvo, pesquiso. O ator que faz o Senhor Bennet é parente do Benjamim Franklin, eu gosto de pesquisar”.
Se você gostou do dublador conheça mais sobre ele em seu site oficial: www.ricardojuarez.com.
Texto originalmente escrito em junho de 2008 para a revista Crash.