Na última Bienal (2019) o ex-prefeito do Rio, Bispo Marcelo Crivella, tentou censurar um livro. A obra não era barata, tinha formato diferenciado com capa dura, estava lacrado, que uma de suas últimas páginas (de mais de 260) trazia um beijo gay. Era a HQ “Vingadores: A cruzada das crianças”, nela os heróis Hulkling e Wiccano protagonizam o beijo.
Neste ano, na mesma Bienal do Rio, a Editora Record coloca um enorme beijo gay na entrada do estande, para todos que passarem verem. A imagem é do livro “O primeiro beijo de Romeu”. E deixou o recado NÃO VAI TER CENSURA.
A trama do livro “O primeiro beijo de Romeu” se passa no Rio de Janeiro de 2019: Romeu está prestes a dar o seu primeiro beijo! Entre estantes e mais estantes de livros na biblioteca da escola, o mundo, para ele, começou a adquirir uma velocidade diferente. Ele está quase lá… até que não está mais. Seu quase primeiro beijo escapa antes mesmo de se tornar realidade quando subitamente, à força, é arrancado do armário para o colégio inteiro. É então que, ainda tentando entender o que aconteceu na escola, outra surpresa desagradável: o livro de seu pai, com lançamento previsto para o dia seguinte na concorrida Bienal do Livro, acaba de ser censurado por ninguém mais, ninguém menos do que o Prefeito da cidade.
O autor
Felipe Cabral, nascido em 1985 no Rio de Janeiro, é jornalista, ator de formação e se profissionalizou como roteirista, dramaturgo, diretor e escritor. Autor colaborador das novelas Totalmente Demais e Bom Sucesso (Rede Globo), assinou a redação final da série 5x Comédia (Amazon Prime) e roteiros do Vai Que Cola (Multishow). Escreveu o espetáculo teatral 40 anos esta noite e seis premiados curtas-metragens com protagonismo LGBTQIA+, como Gaydar e Aceito. Na internet, é o criador do canal literário Eu Leio LGBT. O primeiro beijo de Romeu é o seu romance de estreia.
(Foto: Divulgação / Instagram da editora)