A mais nova data ativista no Brasil, o 28 de fevereiro – Dia da Afirmação Gay, tem manifesto com mais de 100 adesões de personalidades da luta homossexual, das artes, do setor empresarial, religioso, do jornalismo e da indústria de produções adultas.
Dentre os apoiadores estão o antropólogo e ativista Luiz Mott, proclamador da data, o jornalista da Globo News Marcelo Cosme, Fábio de Jesus, presidente da Rede Gay Brasil, o produtor de conteúdo erótico Petrick Garcia, o teatrólogo Alexandre Ribondi, o pastor Marcio Retamero, o educador Toni Reis, ativista mais influente do País, e Edenilson Bernardo de Melo – que interpreta a drag queen Pikineia, de Brasília.
O texto, cujo título fala de união, fortalecimento e luta, faz histórico da luta gay no globo, que tem como marco o ano de 1867, na Alemanha; lembra do pioneirismo do segmento ao criar a primeira entidade arco-íris do Brasil – o Somos em 1978 -; e registra importantes conquistas no País, tal como a criminalização da homofobia em 2019. O manifesto também trata dos objetivos de haver uma data específica para gays, a única dentre as identidades do movimento LGBT que não tinha uma efeméride própria.
“Um momento de reflexão e diálogo propositivo é necessário. Um dia para lembrar e agradecer nossos lutadores, celebrar a luta pioneira e solidária que continua sem arrefecer, fortalecer vínculos dentro da comunidade gay, enfrentar e superar divergências e preconceitos internos, tratar de nossa diversidade, elevar a autoestima e consciência política de homossexuais masculinos; e destacar a importância de políticas públicas para o segmento.” Luiz Mott, que completa este ano 42 anos de ativismo, falou da importância do Dia da Afirmação Gay. “Fundamental termos esse espaço para, por exemplo, valorizar tudo que fizemos e fazemos no ativismo e não só, mas também nas artes, na economia, na política, no jornalismo, nas ciências. E o recado é muito poderoso: afirma-se significa estar fortalecido para ser quem se é, sem medo do ódio, da incompreensão e da ignorância.”
Dupla homenagem
A data, anunciada em 2021 e celebrada pela primeira vez este ano, tem referências a dois marcos da luta gay por cidadania e respeito. Vinte e oito de fevereiro de 1980 é o dia de fundação do Grupo Gay da Bahia (GGB), entidade ativista arco-íris mais antiga em atuação na América Latina e protagonista de conquistas várias tais como a despatologização da homossexualidade no Brasil em 1985.
O nome da data é resgate histórico e reverência ao pioneiro Somos — Grupo de Afirmação Homossexual, nascido em São Paulo sob ação do escritor João Silvério Trevisan. O coletivo enfrentou a ditadura militar na luta pela cidadania do segmento.
A ação não vai se limitar ao 28 de fevereiro. Ao longo do ano, nas redes sociais, serão publicadas informações e textos sobre gays de destaque em diversas áreas, direitos, história do ativismo nacional e mundial e denúncias de falta e falhas de políticas públicas para homens homossexuais.
O manifesto
28 de fevereiro — Dia da Afirmação Gay: união, fortalecimento e luta Afirmar-se gay em sua dimensão pessoal envolve coragem para enfrentar a heteronormatividade presente em todos meandros sociais e o preconceito, já abalado, mas ainda contundente.
Afirmar-se gay em sua dimensão política é ser resistência e ter disposição para desafiar ideologias e estruturas sociais, educacionais e religiosas que excluem, calam e violentam.
Sujeitos e coletivos que ousaram conjugar aquele verbo fizeram história. Em 29 de agosto de 1867, o advogado Karl Heinrich tornou-se o primeiro gay declarado a falar publicamente em defesa da homossexualidade quando solicitou ao Congresso de Juristas Alemães, em Munique, que apoiassem a eliminação de leis discriminatórias.
E há mais exemplos. Fundado em 1946 em Amsterdam, o Center for Culture and Recreation (COC) tinha como principal objetivo construir imagem positiva da homossexualidade. Em 1965, o coletivo americano Mattachine Society fez protesto nas Nações Unidas contra campos de trabalho forçado para gays.
Em junho de 1969, aos gritos de “gay pride” milhares de homossexuais também tomaram as ruas de Nova York na Revolta de Stonewall, que deu origem aos que seriam os maiores atos por direitos humanos da história da humanidade: as paradas do orgulho.
Por muito tempo sufocados pela ditadura militar no Brasil, gays uniram-se e, enfim, organizaram-se para dizer basta à repressão política e moral. Em 1978, pelas mãos de personalidades tais como Peter Fry e Aguinaldo Silva surgiu em São Paulo o jornal Lampião da Esquina, histórico pelo impacto nacional. E, sob protagonismo de João Silvério Trevisan — que também concebeu o Lampião -, foi criado o Somos — Grupo de Afirmação Homossexual, o qual inicia o movimento ativista gay brasileiro.
A ele, seguiram outros grupos homossexuais tais como Beijo Livre, de Brasília, com Alexandre Ribondi e Romário Schettino; Triângulo Rosa, do Rio de Janeiro e sob liderança de João Antônio Mascarenhas; e Grupo Gay da Bahia, regido pelo antropólogo Luiz Mott.
Os passos adiante também conheceram tristezas. A epidemia de aids a partir dos primeiros anos da década de 1980 levou muitos dos nossos. A realidade feita de assassinatos de homossexuais por discriminação não cessava. Mas resistimos!
A trajetória continuou com importantes ações e conquistas. São exemplos, a luta, mesmo que frustrada, para incluir o veto à discriminação por orientação sexual na Constituição de 1988, a legalização do matrimônio entre pessoas do mesmo sexo, em 2013, e a criminalização da homofobia, em 2019.
Guerreiros do passado, lutadores em alerta no presente… Os desafios para gays ainda existem. Fora da comunidade arco-íris, discriminação, governos retrógrados ou negligentes, lideranças religiosas que pregam o ódio, direitos ainda não concretizados. Dentro dela, tentativas de desqualificar pautas, dores e vivências gays, e discursos que tentam apagar nossa forte contribuição no caminhar do movimento e no avanço da cidadania nossa e de outros segmentos.
Um momento de reflexão e diálogo propositivo é necessário. Um dia especial dentre todos para lembrar e agradecer nossos lutadores, celebrar a luta pioneira e solidária que continua sem arrefecer, fortalecer vínculos dentro da comunidade gay, enfrentar e superar divergências e preconceitos internos, tratar de nossa diversidade, elevar a autoestima e consciência política de homossexuais masculinos; e destacar a importância de políticas públicas para o segmento.
Eis a criação do Dia da Afirmação Gay, a ser comemorado em 28 de fevereiro de cada ano e proclamado em 2021 por Luiz Mott, decano do movimento arco-íris nacional, em live da Rede Gay Brasil, e celebrado pela primeira vez em 2022.
A data faz homenagem dupla. Vinte e oito de fevereiro de 1980 é a data de fundação do Grupo Gay da Bahia (GGB), entidade ativista arco-íris mais antiga em atuação na América Latina e protagonista de conquistas várias tais como a despatologização da homossexualidade no Brasil em 1985. O nome da efeméride é resgate histórico e reverência ao pioneiro Somos — Grupo de Afirmação Homossexual. Façamos história sem esquecer quem a iniciou!
A cada 28 de fevereiro, um chamado! Gays de todas etnias, de todos os lugares do Brasil, idades, classes sociais, adesões partidárias, níveis de instrução formal, compleições físicas, que juntos, livres para viver nossas masculinidades, desejos e amores, sempre e cada vez mais nos afirmemos!
Adolfo Fito, produtor de conteúdo adulto
Adriano Fiúza, sacerdote de candomblé
Agripino Magalhães, suplente de deputado
Alberto Silva, administrador
Alexandre Ribondi, teatrólogo
Almir Nascimento, empresário
André Almada, empresário
Anderson Azevedo, jornalista
André Máximo
Antônio Braga, empresário
Arnaldo Valverde, empresário
Aroldo Henrique Figueiredo Assunção, sociólogo
Beto Lago
Beto Paes, ativista
Bruno Mendonça, ativista
Caio Barbieri, jornalista
Cássio Rodrigo, gestor público
Christopher Dekay, ativista
Cicero Aparecido da Silva, ativista
Cléber Rodrigues Rocha, ativista
Clóvis Casemiro, executivo de turismo
Danilo Augusto da Silva, engenheiro ambiental
David Denis Lobão, jornalista
David Harrad, ativista
Diego Oliveira, ativista
Edenilson Bernardo de Melo (Pikineia), drag queen
Eduardo Barbosa, gestor
Eliseu Neto, psicólogo
Elvis Justino, ativista
Emerson Marcellino, empresário
Evaldo Amorim, empresário
Fábio de Jesus, ativista
Fernando Belens, cineasta
Fernando Bertozzi, escritor
Fernando de Oliveira Lúcio, ativista
Franco Reinaudo
Gabriel Antunes, ativista
Gabriel Eustáquio Ferreira (Gaby Camburão), drag queen
Gabriel Perline, jornalista
Gleyson Silva de Oliveira, ativista
Gleyk Silveira, ativista
Gregory Rodrigues Roque de Souza, historiador
Gustavo Don, ativista
Igor Albuquerque, empresário
João Marinho, jornalista
Jobson Camargo, consultor político
José Marcelo Oliveira, ativista
Julio Cardia, ativista
Julio Marinho, criador de conteúdo
Leandro Barcellos Prior, ativista
Lenon Tarragô (Rita D’Libra), drag queen
Luiz Mott, ativista
Luiz Prisco, jornalista
Marcelo Conceição Bonfim, ativista
Marcelo Gil, ativista
Marcelo Cerqueira, ativista
Marcelo Cosme, jornalista
Marcio Claesen, jornalista
Márcio Correia Campos, arquiteto
Marcio Retamero, pastor
Marco Prado
Marcos Dias, ativista
Marcos Silva, assessor parlamentar
Marlon de Áries, DJ
Mateus Emílio, ativista
Mateus Ferreira da Silva, fotógrafo
Mateus Uerlei Pereira Costa, ativista
Maurício Martins, ativista
Mauro Sérgio Pereira da Silva, ativista
Nelson Matias Pereira, ativista
Nildo Correa, ativista
Onã Rudá, ativista
Osvaldo Francisco Ribas Lobos Fernandes, antropólogo
Oswaldo Braga, ativista
Paulino Junior, professor universitário
Paulo Agulhari, DJ
Paulo César Vieira da Silva, ativista
Paulo César Carvalho, azulejista
Pedro Stephan, jornalista
Petrick Garcia, produtor de conteúdo adulto
Rafael Gomes, ativista
Rafael Joaquim Carvalho dos Anjos, ativista
Rangel Vilas Boa, empresário
Renato Viterbo, ativista
Ricardo Gomes, empresário
Ricardo Sales, consultor
Roberto Muniz Dias, escritor
Rodrigo Cavalheiro, ativista
Rogério Teles da Silva, advogado
Roney Damasceno, ativista
Samuel de Jesus Santos, ativista
Sebastião Diniz, ativista
Sérgio Nascimento, empresário
Sérgio Sobreira, professor universitário
Sander Simaglio, ativista
Tiago Cestari, DJ
Thiago Marques, jornalista
Todd Tomorrow, internacionalista
Toni Reis, ativista
Tony Carlão, empresário
Valécio Santos (Valerie O’rarah), drag queen
Washington Ramos dos Santos Junior, geógrafo
Weber Borges, ativista
Welton Trindade, ativista
Wilson Dantas, ativista
Yorran D’Lafé, ativista