Certos sites da internet são um caminho sem volta, uma gatilho para coisas que te faz pensar “como cheguei até aqui?”. Eu buscava apenas ler sobre a autora que acusa uma série da Netflix de plágio. Após uma busca no Google cai no seguinte link, “Alerta aos pais! Série da Netflix mostra pacto com demônios”, do site Pleno.News.
“Wendell & Wild” filme de animação baseado no livro de Clay McLeod Chapman e do mesmo diretor de “Coraline”, é o motivo da matéria. Não é a primeira vez que causa confusão um desenho da Netflix, grupos evangélicos criaram uma enorme confusão com “Super Drags”, com super-heroínas drag queens.
Na crítica da animação de terror “Wendell e Wild” – que tem classificação indicativa de 12 anos – o site em questão afirma: “A história vai mostrar também que o padre da cidade é corrupto e envolvido com os empresários locais. Com classificação indicativa para maiores de 12 anos, o desenho é repleto de representações cômicas de demônios e de possessão demoníaca. Personagens transgêneros também aparecem na série.”
Já a série “Os 3 Lá Embaixo: Contos de Arcádia” irritou políticos com a exibição de um beijo lésbico entre duas garotas. O mesmo site Pleno.News publicou na época um depoimento que seria de uma mãe que viu a produção com sua criança: “Meu filho tem 4 anos. Ele não tem idade suficiente para entender esse tema. Nós somos cristãos e passamos os nossos valores aos nossos filhos. Ele não tem maturidade para assistir esse tipo de cena”. No caso esta mão também errou, já que o desenho possui classificação indicativa de recomendado para seres humanos com mais de 10 anos de idade e ela alegou que o filho tinha quatro.
Resultado prático destas reclamações do “desenho lésbico”? Nenhum. O desenho continua no ar na Netflix que nada mudou em sua programação de lançamentos e ignorou as críticas homofóbicas. O mesmo deve ocorrer agora com as reclamações do “desenho demoníaco”, ou seja, não vai acontecer nada.