Nos últimos dias criou-se nas redes sociais o discurso de que a novela “Vai na Fé”, de Rosane Svartman, terá a primeira protagonista evangélica da Globo. Não é verdade. A novela das sete estreia em 16 de janeiro e será estrelada por Sheron Menezzes no papel de Sol, uma mulher batalhadora da Zona Norte do Rio de Janeiro que sustenta a família vendendo quentinhas no centro da cidade e de noite canta no coral da igreja.

A experiência de evangélicos com a Rede Globo tem situações conflitantes. Existem pontos positivos na relação, como o “Festival Promessas”, especial de fim de ano com músicas gospel, e o concurso “Altas Promessas” do programa “Altas Horas”, buscando uma revelação musical cristã.

Pelo lado negativo existem experiências como as empregadas evangélicas da novela “Tieta”, que se encantavam pelo pastor Hilário, um golpista vivido por Jorge Dória. Muitos viram ainda a minissérie “Decadência” (de Dias Gomes) como uma sátira de templos pentecostais, como a Universal do Reino de Deus, sendo o protagonista Mariel Batista (Edson Celulari) um milionário dono de igrejas. Por fim, em “Duas Caras”, o autor Aguinaldo Silva mostrou evangélicos fanáticos destruindo terreiros de candomblé e a casa de um trisal bissexual.

Voltando ao assunto de uma protagonista evangélica em uma novela da Globo, o posto pertence à Rebeca (Alessandra Negrini) na novela “Meu Bem Querer”, de Ricardo Linhares. Em uma pequena cidade do Nordeste conhecemos Rebeca, a filha mais velha do pastor protestante Bilac (Mauro Mendonça). A antagonista era Lívia (Flávia Alessandra), a filha mais nova do pastor. Ela é apaixonada por Antônio Mourão (Murilo Benício), um órfão criado pelo padre Ovídio (Cláudio Corrêa e Castro), mas acaba se casando com o vilão Juliano (Leonardo Brício), um pupilo do pai da moça que prepara desde criança para dar continuidade ao seu trabalho na igreja.

Alguns evangélicos não gostaram dos vilões evangélicos Juliano e Lívia, mas muitos gostavam da forma como a mocinha Rebeca e seu pai Bilac retratavam os bons cristãos. Uma pena a novela nunca ter sido reprisada.