O ator Ariel Moshe (foto) ficou conhecido pelo papel do vilão Horácio da versão original “Chiquititas”. Em “Vende-se um Véu de Noiva”, ele foi Clóvis, o assistente da vilã. Maldades a parte, ele teve destaque também no humor, com o seriado “Câmera Café”, que o SBT estreou em 03 de setembro de 2007. Formado originalmente por 700 episódios de aproximadamente cinco minutos cada, a série não durou muito no ar ficando até 08 de janeiro de 2008 e exibindo com regularidade cerca de 50 capítulos.

Em “Câmera Café“, todos os personagens são funcionários de uma empresa e aproveitam a hora do intervalo do café para um bate-papo, na estréia o assunto era uma greve surpresa. O cenário é sempre o mesmo, a máquina de café, e a câmera de segurança do corredor onde fica a máquina é que mostra todas as confusões do grupo. Neste época, o entrevistei Ariel Moshe para o Cultureba e para a revista Crash.

Nos últimos anos, Ariel foi preparador de elenco de todas as novelas infantis do SBT: “Carrossel”, “Chiquititas” (remake), “Cúmplices de um Resgate”, “Carinha de Anjo” e “As Aventuras de Poliana”. Também foi diretor dos atores no seriado “Patrulha Salvadora”.

Finalmente, confira a entrevista com este importante ator e diretor de teatro, cinema e TV:

Como ocorreu a seleção do elenco pro “Câmera Café”? A maioria do elenco veio do teatro não? Como você foi chamado?
A maioria do elenco veio de teatro, mas são atores que já fizeram novelas inúmeras vezes. Não houve seleção, cada um foi chamado, convidado.

Como funcionavam as gravações do seriado? O bom humor de frente das câmeras se refletia nos bastidores?
O elenco era de pessoas que se gostavam, se conheciam e ou se respeitavam, e a equipe técnica foi contagiada por esta harmonia.

Quem cuidava da direção e da adaptação do texto? Vocês tinham liberdade de criar e improvisar?
A direção do programa ficou a cargo do Jacques Lagoa, com quem eu já havia trabalhado no teatro, ou ele me dirigindo, ou como ator ao meu lado. O texto era traduzido e adaptado do original pelo Yves Dumont (autor de diversas novelas como “Maria Esperança” e “Louca Paixão”). Tínhamos toda a liberdade de improvisar e ou mudar o texto.

Vocês chegaram a liderar a audiência e aparecer em jornais com destaque, como foi esta época? Foram valorizados?
O SBT não tem um departamento de assessoria de imprensa para divulgar seus artistas contratados, pelo menos não tinha durante o “Câmera”, e não tem hoje que eu perceba ao fazer a novela “Revelação”. Os destaques foram dados pelo próprio interesse da mídia no programa.

Por que o seriado acabou? Alguém pensou em lançá-lo em DVD?
O seriado terminou porque o Silvio Santos assim determinou, desinteresse dele. Na verdade é um tipo de programa difícil de ser ajustado a grade de programação, pelo tempo que ocupa (cinco minutos) e pela não possibilidade fácil de venda para patrocinador, além de não permitir ‘merchan’ interno, pelo menos não foi estudado o fato. Não percebo interesse da casa em lançar como DVD.

Falando um pouco do passado, você até hoje é lembrado pelo vilão de Chiquititas. Fale um pouco desta época e de como foi viver o Horácio.
Os vilões são sempre lembrados em todas as novelas, dramaturgia, cinema, literatura, etc… Todos só falam em quem matou Odete Roitman, depois de tantos anos da novela global, lembra? Quando lembram do vilão Horácio, lembram também do Salvador, personagem bondoso, um disfarce do Horácio para se aproximar da menina Maria (Carla Diaz), sua afilhada. Fazer a novela “Chiquititas” foi um grande aprendizado. Viver na Argentina um prazer.

Entrevista originalmente publicada em 30 de abril de 2009.